Mercado
Susep busca financiamento para se modernizar
modernização - 28/05/2014
Demora na aprovação de produtos, excesso de formulários e atraso na divulgação de dados setoriais são apenas algumas das muitas reclamações que o novo superintendente da Susep, Roberto Westenberger, ouve desde março, quando assumiu o órgão regulador e fiscalizador do mercado de seguros. Em busca de uma solução para problemas desse tipo, uma das primeiras ações de Westenberger à frente da autarquia sair à procura de um financiamento do Banco Mundial para viabilizar sua agenda de modernização. O desafio de Westenberger é automatizar a gestão interna e facilitar a comunicação com as seguradoras, de forma a acelerar a administração e direcionar os esforços também para o desenvolvimento do mercado, e não só para a sua fiscalização e punição – o foco da gestão anterior.
Os números do setor relativos ao fechamento de 2013, por exemplo, só foram disponibilizados no site da autarquia ontem. Ou seja, quase seis meses após o término do ano. Entre outros motivos, isso acontece porque a Susep ainda vive na era do papel, e não dos processos eletrônicos.
“Estamos retomando vínculos com o Banco Mundial para abrir um canal de financiamento para o nosso projeto de modernização. Fizemos a conta, e a automação vai necessitar de recursos acima do que está orçado para TI [tecnologia da informação], então estamos buscando fontes alternativas”, disse Westenberger. O projeto deve demandar cerca de US$ 1 milhões, valor que poderá ser custeado por uma linha do Banco Mundial para entidades reguladoras.
O executivo diz que além de papel, o processo burocrático atual consome muita mão de obra de uma equipe qualificada – a autarquia tem mestres e doutores em seus quadros. “A ideia é que processos que envolvam papéis sumam, e essa informação vá para dentro de uma estrutura de TI”, disse o superintendente. Para isso, está sendo criada uma equipe de trabalho interna para a revisão da estrutura de tecnologia da autarquia.
A pauta de modernização também passa pelo marco regulatório do setor, com a adoção de princípios de regras de solvência praticadas na Europa, a Solvência II. As atuais normas de requerimento de capital das companhias do mercado já são em grande parte alinhadas com essas normas, mas Westenberger quer incluir também práticas de avaliação da qualidade de gestão das seguradoras.
Na ponta do desenvolvimento do mercado, Westenberger está criando um “laboratório de produtos”, em que a Susep vai coordenar grupos de trabalhos com representantes do mercado para fomentar a criação de seguros e planos de previdência que ainda não existem no país, mas são comuns lá fora. “Há uma falta de coberturas no país”, diz. Entre os primeiros produtos que devem ser discutidos estão o seguro popular de automóveis – que prevê o uso de peças recicladas no conserto dos veículos-, apólice de longevidade para fundo de pensão e coberturas de seguro de vida diferenciadas.
Para concretizar esses projetos, não é necessário aumentar o atual quadro de funcionários da Susep, formado por cerca de 470 profissionais, segundo o superintendente. “Com a automação dos processos, não precisamos aumentar a equipe, mas sim a sua produtividade”, diz.
Fonte: Valor Econômico