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Setor encerrou 2019 com lucro de R$ 17,8 bilhões

mercado - 10/02/2020

O mercado segurador encerrou 2019 com lucro líquido de R$ 17,8 bilhões, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) analisados pela consultoria Siscorp. Em razão disso, o ranking traz apenas os valores de seguros e exclui saúde, sob supervisão de outro regulador, a Agência Nacional de Saúde (ANS). O valor ficou 21% acima dos R$ 14,7 bilhões registrados no mesmo período do ano passado, mesmo com o recuo da Selic, taxa de juros que remunera boa parte das reservas técnicas, ter iniciado 2019 em 6,5% ao ano e terminado em R$ 4,5% ao ano. Em fevereiro deste ano, novo corte, para 4,25% ao ano, décimo sétimo corte desde quando a taxa atingiu o pico de 14,25% ao ano, entre julho de 2015 e outubro de 2016.

A maior parte dos balanços financeiros será divulgado e comentado pelas seguradoras ao longo deste mês. Boa parte delas opta por deixar para os dois últimos das do mês. Mas já é possível ter uma noção do que ajudou e o que piorou o desempenho de algumas delas. Houve certa movimentação entre os dez maiores lucros, com ligeiras trocas de posição.

Já no ranking dos piores prejuízos, um movimento interessante. , que liderava as perdas com R$ 468 milhões, agora ocupa a 15a. posição, com lucro de R$ 122,2 milhões. A AXA XL, que em 2018 amargou perdas de R$ 197 milhões, passou para a 22a. colocação, com ganhos de R$ 57,5 milhões. Já a AIG ainda pertence ao grupo de perdas, que foram reduzidas de R$ 51 milhões para R$ 13 milhões.

Segundo os balanços 2019 já divulgados no inicio deste ano, as seguradoras têm conseguido baixar custos operacionais e com melhor subscrição de riscos reduzir o volume de indenizações, o que traz uma melhora significativa para a lucratividade expressa no índice combinado (receitas de venda menos indenizações e custos operacionais), que mede a eficiência das companhias. Quanto mais abaixo de 100%, melhor. índice de sinistralidade tem sido reduzido.

Seguradoras ligadas a bancos seguem liderando as três primeiras posições do ranking de lucro, com exceção do Itaú, que caiu para a sétima posição. A Bradesco Seguros segue sendo a líder do ranking. O grupo divulgou lucro líquido de R$ 7,5 bilhões em 2019, expansão de 16,6% em relação ao obtido em 2018. Já no ranking consta R$ 5,6 bilhões, pois não considera o ganho de saúde, área supervisionada pela ANS. Segundo o grupo, o resultado foi beneficiado pelo crescimento de 12,7% no ganho operacional e pela alta de 10,9% do resultado financeiro. Aqui fica claro a importância do ganho financeiro para a número um do ranking de lucro do setor. As projeções para o resultado com seguros estimam um crescimento entre 4% e 8%.

A BB Seguros vem em segundo lugar, com ganho de R$ 2,8 bilhões. Em setembro, o grupo informou que decidiu fazer uma redução de capital depois de concluir que tem recursos de sobra no balanço e devolveu R$ 2,7 bilhões aos acionistas.

A Caixa Seguridade, que tem costurado parcerias e se prepara para um IPO ainda neste semestres, vem em terceiro, com R$ 2,1 bilhão. A Caixa estima que o IPO de sua subsidiária valerá entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Já anunciou a reformulação da parceria que tinha com a francesa CNP, num negócio avaliado em R$ 7,8 bilhões; parceria com a Icatu, que deverá fazer um aumento de capital de R$ 180 milhões na nova sociedade para a venda de títulos de capitalização; e com a Tokio Marine para a venda de seguro habitacional e residencial, no valor de R$ 1,5 bilhão. Icatu e Tokio terão 25% de participação nas sociedades específicas de cada ramo de negócio. O grupo promete ainda anúncios de novos sócios nas áreas de grandes riscos, saúde e odontologia, assistência 24 horas e também com um ressegurador. Em janeiro, houve troca de CEO. Para presidir a Caixa Seguridade foi escolhido Eduardo Dacache, até então vice-presidente de atacado e braço direito do presidente da Caixa, Pedro Guimarães.

A Zurich Seguros, que tem uma joint venture com o Santander, segue em quarto lugar, com R$ 1,3 bilhão. O grupo se destacou em 2019 por parcerias fechadas com bancos, varejos e fintechs após ter investido fortemente em uma plataforma digital que já está preparada para se conectar com parceiros para a venda de seguro em a intervenção humana, o que no jargão do mercado é conhecido como APIs, “ponte”, ou sistema de “plugue e use”. Com tal tecnologia já embarcada, a expectativa é de grande crescimento para 2020.

A SulAmérica saltou da sétima posição em 2018 para a quinta em 2019, com ganhos de R$ 996,4 milhões. Por pouco não entrou no restrito clube do bilhão. Anunciou a venda da carteira de seguros de ramos elementares, que envolve autos, residências, condomínios e pequenas e médias empresas para a Allianz. O negócio ainda aguarda o fechamento para este ano. Com foco em saúde e munida de tecnologia que já atende as exigências de rapidez e facilidades que o consumidor digital exige, as ações do grupo tem apresentado valorização destacada.

A Porto Seguro, segundo dados da Siscorp, perdeu uma posição no período analisado e vem na sexta colocação, com ganhos de R$ 982 milhões. Segundo Celso Damadi, vice-presidente de Finanças, Controladoria, Investimento e Planejamento da Porto Seguro, o resultado financeiro da Porto Seguro alcançou R$ 269,7 milhões, queda de 9,3%. Apesar da redução, o executivo citou que os resultado vieram dentro do esperado beneficiado por uma sinistralidade abaixo da média histórica e uma taxa básica de juro mais alta, proporcionando uma rentabilidade melhor ao negócio.

O Itaú caiu para a sétima posição, com R$ 996 milhões, ultrapassado pela Porto Seguro, agora em quarto lugar no ranking, com lucro de R$ 725 milhões no período analisado pela Siscorp com base nos dados enviados à Susep. O ajuste de ganho faz parte ainda do reposicionamento estratégico de deixar de operar em alguns segmentos e focar esforços na plataforma digital, que já conta com vários parceiros de negócios, como MetLife em dental, Prudential em vida resgatável e outros que em breve devem ampliar o Portfolio do banco, com saúde e seguros empresariais. Bastidores de mercado indicam a Amil para saúde. Já o parceiro em seguros para PME ainda não foi revelado.

A Allianz saiu de um prejuízo de R$ 15,5 milhões em 2018 para a nona colocação no ranking de 2019, com ganho de R$ 349 milhões. O grupo vem retomando seu crescimento, depois de um período de perdas. Um dos impactos no balanço de 2019 pode ter vindo de recuperação de impostos (CS e IR) dos prejuízos acumulados. Em 2019 anunciou a compra da carteira de ramos elementares da SulAmérica, por R$ 3 bilhões, que deve ser concluída neste ano e desta maneira os impactos só serão observados no balanço de 2020.

E fechando o ranking dos 10 maiores lucros de 2019 temos a Icatu, que trouxe muitas novidades ao longo do ano passado. Liderou o ranking de portabilidade de recursos dos fundos de previdência praticamente em todos os meses do ano, ao ofertar uma gestão mais ativa e taxas menores. Além disso, ampliou de forma significativa os canais de distribuição de seus produtos, tanto fundos como títulos de capitalização.

Fonte: Sonho Seguro - Denise Bueno