Mercado

O novo Brasil velho: o mercado está preparado?

população - 26/05/2011

Entre os dados divulgados recentemente pelo CENSO de 2010, dois merecem a atenção especial do mercado de seguros: o aumento da expectativa de vida e a redução de natalidade. Isto porque as mudanças no padrão de vida do brasileiro exigem do sistema previdenciário uma reforma urgente para se adaptar ao crescimento da população idosa no país nos próximos 40 anos.

Em 20 anos a população entre 0 e 14 anos diminuiu quase 10%, por outro lado o número de brasileiros com mais de 65 anos cresceu 3%. Segundo o presidente do Clube Vida em Grupo, Lucio Marques, se a população mantiver essa tendência, “em 2050 nós teremos provavelmente uma linha horizontal chegando juntas entre os mais novos e os mais longevos”. Marques afirma também que, “em 1950 nós tínhamos no mundo 24 mil pessoas com mais de 100 anos, hoje já temos em torno de 300 mil e em 2050 teremos por projeção mais de 3,8 milhões de superlongevos”.

Uma pesquisa realizada entre os membros do grupo empresarial Vistage Brasil, no último mês de abril mostra que apesar da grande presença de jovens da geração Y nas empresas e da influência que eles têm trazido para os métodos de gerência, os postos de alto comando ainda são ocupados em sua maioria por executivos da geração X. Isto significa que homens e mulheres nascidos entre as décadas de 1960 e 1970 representam 60% dos cargos de presidência, vice-presidência e diretoria.

O coordenador da Vistage no Rio de Janeiro, Claudio da Rocha Miranda, explica que o modelo de vida dos executivos está mudando: “A cultura do empresário e do executivo brasileiro ainda é de curto prazo, no quesito ‘seu futuro’. Nos últimos anos isto começa a mudar, porém, ainda de forma incipiente. Não em termos de volume de recursos, mas em termos de percepção de futuro”, afirma o economista.

Lucio Marques acredita que o mercado de seguros de pessoas é o que tem mais oportunidades de crescimento, porque, segundo ele, há vários novos tipos de cobertura na carteira de pessoas específicos de acordo com cada faixa etária. “O mercado de pessoas já tem produtos que podem ser negociados para idades mais avançadas como, por exemplo, o seguro de vida Previsul Sênior, que pode ser contratado por pessoas entre 66 e 80 anos com cobertura para morte natural e acidental”, explica.

Por outro lado, reclamação da clientela é que, de maneira geral, ainda são poucos os produtos disponíveis para a terceira idade no Brasil. “Faz pouco tempo que o mercado começou a esboçar produtos de previdência que envolvam também a assistência a saúde, por exemplo. Mas ainda é muito pouco”, afirma o coordenador da Vistage. Apesar da demanda e das novas perspectivas do setor, seguros de vida para pessoas acima de 65 anos tem valores altos que aumentam à medida que o indivíduo se torna mais velho, e, de acordo com Cláudio, os produtos existentes deixam a desejar. “Os produtos ainda são muito pouco criativos em termos de expectativas e necessidades destes executivos”.

O economista acredita que apesar da idade avançada, muitos destes empresários procuram os seguros e previdência como uma maneira de manter o conforto da família e não como uma fonte de renda para a hora de pendurar as chuteiras. “estes profissionais que estão no esplendor de sua experiência e força intelectual, cientes de que têm pelo menos mais uns 20 anos de vida saudável e, se deixarem, ativa, é obrigado a, ‘vestir o pijama’ sem querer fazê-lo.” e brincou: “Haja pijamas!”.

Ambos concordam que o momento é propício para a criação de produtos e serviços mais adequados a este novo padrão de consumidor. Para o presidente do CVG-RJ, Lúcio Marques “O mercado de seguros precisa ampliar suas preocupações na criação de novos produtos que possam dar alento aos mais idosos com custos mais acessíveis”. O coordenador da Vistage-RJ, diz que “todos sabemos que nesta idade, não basta somente ter dinheiro mensal garantido. É preciso muito mais. É preciso novas perspectivas, novas carreiras, novos negócios”, concluiu.

Fonte: VTN Comunicação