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Setor enfrenta desafios na web

mercado - 30/03/2015

Estamos seguros com as novas tecnologias?, pergunta Andrea Signorino Barbat, presidente do Comitê Ibero Latino Americano (CILA), da Associação Internacional de Direito do Seguro (AIDA), aos cerca de 400 advogados presentes na palestra “Novas Tecnologias e Impacto no Setor de Seguros”, proferida no IX Congresso de Direito do Seguro e Previdência, que começou ontem e termina na sexta-feira, em São Paulo.

A grande discussão do painel girou em torno de como as seguradoras devem tratar os riscos trazidos pelas novas tecnologias e como podem se beneficiar da enorme quantidade de informações hoje disponíveis por conta do avanço da tecnologia. “As respostas não parecem tão simples”, responde a própria doutora. Segundo ela, há ainda que se discutir tecnologias que não são tão novas, como internet, aplicações, marketing por meio da rede. “Isso não é tão novo como a nanotecnologia, mas ainda representa um desafio para a indústria de seguros”, afirma.

O princípio do seguro é dar apoio aos riscos implícitos trazidos pelas novas tecnologias aos seus clientes, ao mesmo tempo em que se torna urgente estar atento aos próprios riscos que as seguradoras podem estar vulneráveis em suas operações. “É preciso que as discussões sobre gerenciar e mitigar riscos se aprofundem para viabilizar a oferta de produtos de qualidade”, acrescenta Mario Viola, membro do Conselho da seção brasileira da AIDA. A internet é citada por ambos com uma tecnologia útil, porém perigosa. “É complexo, pois os sistemas são vulneráveis”, ressalta. Segundo os especialistas, as respostas do seguro para atos fraudulentos não são definitivos, pois os riscos mudam rapidamente. “Os sistemas para fraudar são mais rápidos do que a velocidade que se pode criar proteções”, comenta Andrea. Segundo ela, o foco do seguro é garantir a responsabilidade civil do responsável do site ou sistema por danos a terceiros. Além disso, de forma preventiva, exige medidas de segurança de seus clientes para assegurar o sistema e assim poder responder com coberturas adequadas.

No tema nanotecnologia, uma tecnologia que ainda desafia até mesmo a ciência, o cenário para o setor é ainda mais desafiador. Andrea chega a comparar o tema com a experiência que as seguradoras, principalmente americanas, tiveram com asbestos. O assunto foi sendo deixado de lado e hoje as seguradoras pagam quantias consideráveis de indenizações por pessoas prejudicadas pelo uso do amianto, considerado cancerígeno.

A executiva ressalta a importância de se entender mais do risco trazido pela nanotecnologia, com definição e classificação que não são amplamente compartilhadas. A resposta momentânea para os nanoprodutos tem sido dar o risco na cobertura de responsabilidade e danos de forma expressa ou não expressamente excluídas. “É preciso parar para discutir quais os riscos das novas gerações de tecnologias”, afirma.

Segundo ela, várias linhas de negócios estão envolvidas no problema. Existem produtos e aplicações da nanotecnologia em muitas indústrias, especialmente a de saúde. “Seguros buscam minimizar o risco, dar cobertura e respostas aos clientes, fabricantes. Muitos investimentos não seriam possíveis sem o seguro. “Faço aqui uso de uma frase famosa: as pessoas tímidas têm medo antes do perigo; os covardes, durante; e os valentes, depois. Os seguradores têm de ser valentes para vender seguro para as novas tecnologias”.

O tema, concordam, traz desafios e oportunidades. Viola ressaltou o lançamento do relógio da Apple, que coleta dados do dia a dia das pessoas e que serão compartilhados com operadores de saúde para que o indivíduo possa ter uma assistência mais adequada ou mesmo o contrato negado, caso a seguradora entenda que não quer correr o risco que aquela pessoa representa. “As seguradoras vão ter um perfil melhor das pessoas em carteira. Mas essa nova realidade muda a lógica dos atuários, que passam a lidar com riscos individuais e que mudam o tempo todo seus hábitos”.

Outro desafio, um pouco maior, é a proteção de dados, em discussão pública no Brasil. Isso vai mudar muito a forma sobre como o setor lida com as informações de seus clientes. “O setor é um dos maiores usuários de informações das pessoas e de seus bens. É preciso estar atento a essas mudanças nas tecnologias e nas regulamentações sobre o tema”, afirma Viola, acrescentando que o setor ainda tem muito a percorrer nesse mundo de tecnologia.

Fonte: cnseg