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Planos de saúde perdem 327 mil usuários durante pandemia
saúde - 01/09/2020
A Folha de S.Paulo relata que a pandemia do novo coronavírus tem atingido famílias, redes de saúde, empregos e, como consequência, quem contava com planos de saúde como garantia extra para atendimento no meio da crise sanitária.
De março a julho, o setor contabilizou a queda de 327 mil usuários. Os dados são da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que regula o mercado. Para especialistas, a situação está ligada ao aumento do desemprego e perda de renda da população.
Atualmente, o país soma 46.758.762 usuários de planos de saúde, o que representa 22% dos brasileiros. Em março, esse número era de 47.085.717. Apesar de variações serem frequentes, uma redução nesse patamar em um período curto não era registrada desde janeiro de 2017.
Segundo os dados da ANS, a queda foi maior nos meses de abril e maio —só neste último, foram 226 mil usuários a menos. Em seguida, houve nova queda em junho, embora em menor ritmo, e leve aumento em julho, insuficiente para recuperar a perda.
Para o IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), a variação registrada em julho sinaliza uma possível estabilidade. O grupo, porém, alerta que ainda é cedo para fazer uma análise definitiva.
Entre os motivos, estão a incerteza da epidemia, com risco de “novas ondas” da Covid-19 e reversão da retomada de atividades, além de um possível efeito tardio de demissões (parte das pessoas demitidas mantém o plano por alguns meses).
“Se considerarmos que 1,2 milhão de pessoas foram demitidas, esse impacto pode ser ainda maior”, diz Marcos Novais, superintendente da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde).
Para Mário Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da USP, a queda no número de usuários de planos de saúde já era esperada. “Em outros momentos históricos, essa retração ocorreu. Ela é acentuada, mas os planos têm esse perfil: sempre que há desemprego e recessão econômica, que são dois efeitos adversos da pandemia, há queda de clientes.”
Segundo a ANS, planos coletivos ligados a empresas puxaram a queda: foram, ao todo, 311 mil usuários a menos nessa categoria desde março. A perda de renda, no entanto, também pode ter se refletido nos planos individuais ou familiares, contratados pelo próprio usuário, cuja queda foi de 49,3 mil clientes.
Fonte: Folha de São Paulo