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Novo presidente da CNSeg prevê avanço de 15%

entidades - 26/04/2022

O setor de seguros deve avançar entre 13% e 15% neste ano, mesmo em meio a um cenário de baixo crescimento econômico, inflação elevada, juros em alta e eleições pela frente, na avaliação do futuro presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), Dyogo Oliveira. Em entrevista ao Valor, o novo chefe da principal entidade da indústria de coberturas, saúde suplementar e previdência privada no país explica que os números do início do ano mostram ritmo de avanço até mais elevado do que em 2021.

“O mês de fevereiro veio com crescimento de 21,3% em relação ao mesmo período de 2021, mas a gente acredita que ao longo do ano o ritmo vai convergir ao do ano passado, quando o setor apresentou avanço de cerca de 13%”, diz Oliveira. “O efeito prático das incertezas e de os bancos centrais estarem entrando em ‘modo hawkish’ [inclinados à normalização das políticas monetárias] será uma desaceleração econômica. O setor de seguros no país, contudo, vai se manter em ritmo bom. Evidentemente que poderia ser melhor se as economias mundial e brasileira estivessem se recuperando de modo mais acelerado.”

Ex-ministro do Planejamento no governo Michel Temer e ex-presidente do BNDES, o economista vai suceder, a partir de maio, Marcio Coriolano, que completou seis anos à frente da entidade. O futuro presidente da CNSeg coloca como principal desafio de seu mandato elevar o reconhecimento público sobre a relevância da indústria. “Um setor dessa magnitude precisa ter a relevância reconhecida na sociedade e no governo”, diz.

Oliveira cita números que, segundo ele, traduzem essa importância. De acordo com a CNSeg, somente em saúde suplementar o setor aplicou mais de R$ 200 bilhões em atendimentos, consultas, exames, cirurgia e internações durante 2021. “O valor é quase o dobro do orçamento do Ministério da Saúde”, compara.

A indústria de seguros como um todo pagou R$ 393,2 bilhões no ano passado na forma de benefícios, indenizações, sorteios, resgates e cobertura de despesas médicas. “Isso representa 6,3% do PIB, o que reforça a importância do setor para a economia.”

Outro dado citado por Oliveira é o de indenizações, despesas e benefícios relativos à covid-19. “Só na pandemia, o setor aplicou R$ 6 bilhões em atendimentos e indenizações, que, mesmo sem estar cobertas pelas apólices, as seguradoras decidiram pagar.”

O futuro dirigente da confederação conta ainda que, no ramo auto, as seguradoras desembolsaram no ano passado R$ 22,9 bilhões em indenizações. “Esse valor daria para comprar 380 mil veículos de entrada”, compara.

O momento pelo qual passa a indústria de seguros também representa uma oportunidade, na visão do dirigente. “Estamos em um momento de muita transformação e engajamento, tanto pelas insurtechs e novos entrantes quanto pelas empresas que já estavam no mercado. Há um movimento grande de inovação.”

Conforme Oliveira, “o ‘open insurance’ é um dos elementos de transformação e é importante lembrar que o Brasil é pioneiro na matéria”. Segundo o futuro presidente da CNSeg, “seremos o primeiro ou um dos primeiros países a implementar um ambiente de compartilhamento no setor”.

O novo dirigente da entidade explica que o setor já alcança uma taxa de 85% de volume de informações de produtos do mercado já entregues para o novo ambiente. “As APIs, ou seja, as interfaces digitais que possibilitam esse compartilhamento, correspondem a 85% do mercado.”

Oliveira explica ainda que, apesar do esforço das companhias, “serão necessários alguns ajustes de cronograma e de escopo porque tem produtos em que o tipo de comercialização não tem ganho em estar no open insurance, como aqueles feitos para um grupo muito pequeno de clientes, como seguro para indústria nuclear ou de petróleo”. De acordo com o dirigente, “a gente está avaliando o cronograma, que é muito apertado, e em algumas questões regulatórias e mesmo da interoperabilidade foram alteradas para se adaptar a um cronograma mais factível”.

Fonte: Valor Econômico