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Conheça o poderoso grupo de WhatsApp criado por mulheres excluídas
Gestão de Riscos - 29/03/2023
“Você sabe qual a influência da carta protesto no seguro de transporte e quem deve ser o departamento responsável pela emissão desse documento dentro da empresas?”. Ninguém na face da terra responderia instantaneamente a uma pergunta peculiar desta, que pode significar a diferença entre um grande prejuízo ou recebimento da indenização decorrente de um grande contrato de seguros. Só mesmo no grupo de Whatsapp WIM. Traduzindo: We Insurance Management.
O grupo tem quase 150 gestores de riscos de empresas unidos pelo propósito de proteger o patrimônio dos acionistas. Seja das intempéries do tempo, como inundações, queda de raio ou incêndio, até mesmo uma guerra que interrompa a cadeia de suprimentos e deixe os clientes desabastecidos.
Sim, pois a conta chegará para a empresa. Desde perder participação de mercado, como ser obrigada a tirar dinheiro de investimentos em expansão para pagar mais caro para ter fornecedores de última hora.
Claro que para a empresa que tem um bom gestor de riscos, que se antecipa a problemas, tem um bom programa de contingenciamento, busca soluções e bons parceiros para ter programa de seguro equilibrado, a perda certamente é menor ou nenhuma. Para que essa engrenagem funcione bem, num mundo complexo e cheio de riscos e dúvidas, é preciso muita união e disposição para resolver problemas. E não são poucos.
Ainda mais com as mudanças climáticas, ataques de hackers, comoções sociais, inflação e pandemias que têm custado caro para a indústria de resseguros, que repassa a conta aos clientes em aumento do preço do seguro, dos valores das franquias e em exclusões de riscos. Foi exatamente por querer resolver problemas como esses, manter sinergia com outros colegas do mercado e buscar soluções viáveis que Priscila Madoenho, gestora de risco da Andritz Group, e Adriana Reis, gestora de risco da Hitachi Energy, fundaram o WIM em 2019.
Anteriormente, para fazer parte do grupo virtual liderados por associados da ABGR, a Associação Brasileira de Gerenciamento de Riscos, fundada em 1983, era preciso ir presencialmente às reuniões, o que em 2019 era visto por elas como algo complicado devido a carga de trabalho, constantes viagens a trabalho, somado ao trânsito caótico de São Paulo. “Resolvemos problemas, sem nos importar de quem ou sobre o que. Somos dedicadas a ajudar. Para tudo tem uma solução. Não dá para correr risco. Pelo contrário. Compartilhamos. Riscos com seguradoras e soluções com parceiros de profissão. Alguém sempre tem uma indicação, um caminho ou uma alternativa. E ter respostas num grupo de WhatsApp é muito mais prático e rápido”, argumentam as duas fundadoras do grupo WIM.
Mas, esta “agilidade e inovação” só ganhou ibope no Brasil um ano depois que foram expulsas do grupo anterior, devido as faltas nas reuniões mandatoriamente presenciais.
Daí veio a pandemia, o lockdown e as reuniões virtuais e os grupos de WhatsApp viraram a bola da vez até para os executivos mais tradicionais. A pandemia apenas corroborou para que o grupo tomasse a força e robustez que tem hoje. O grupo WIM, que não tem dono, começou com 16 integrantes e hoje conta com quase 150 participantes de diversos cargos, empresas e segmentos, que trocam experiências, indicações e debatem diariamente assuntos importantes do mercado de seguros.
Cada uma delas gerencia um programa de seguros de milhões de dólares em multinacionais junto a empresa matriz. “Muitos gestores de nosso grupo têm reuniões constantes com os executivos envolvidos com o programa de seguros, desde os gestores de apólices, jurídico, financeiro ou compliance. Muitas vezes eles têm soluções que não encontramos aqui e vice-versa”, contam.
Amigas de longa data, as fundadoras e facilitadoras do grupo trabalharam juntas em corretora de seguros há 20 anos. A sinergia permanece até hoje forte.
Decidem juntas as regras de convivência dos integrantes do grupo. Quem quiser entrar passa por uma entrevista de cerca de 20 minutos com Adriana, que esclarece as regras.
O WIM não faz qualquer distinção de cargo, mas possui algumas regras simples. O grupo é constituído exclusivamente de segurados, empregados ou não.
Se um gestor mudar para o outro lado do balcão é automaticamente excluído.
Caso tenha sido demitido, é mantido até para que possa ter a ajuda do grupo para conquistar uma nova posição. “Sem conflitos de interesse. Nossa proposta é ter pautas relevantes como solucionar dúvidas e agregar conteúdo técnico”, diz Priscila.
Outra prioridade do grupo é formar gestores de riscos.
Segundo elas, há uma carência de profissionais bem formados e que possam engrandecer a profissão do gestor de risco diante dos executivos do primeiro escalão e conselheiros até mesmo de grandes empresas. Algumas ainda contratam apólices por meio do departamento de compras, que não entende o complexo mundo de seguros.
E pior: prioriza apenas preço.
Diante desta emergência em qualificação profissional, as gestoras criam eventos em parceria com seguradoras, corretoras, escritórios de advocacia, ou até mesmo tópicos de benchmarkings, com happy hour presenciais e virtuais. “Acreditamos que o resultado, ao final do dia, é a entrega de valor agregado nas funções de segurados”, cita Priscila.
Assim, o grupo completou três anos com diversos aprendizados, contratos mais transparentes e seguros. “As vezes o corretor não quer que os clientes tenham portas abertas na seguradora. Mas isso é primordial, pois muitas vezes nem mesmo ele, que é o elo entre nós, entende o nosso risco”, acrescenta Drika.
Também é proibido expor os nomes de corretoras ou pessoas, que eventualmente são alvo de críticas ou comentários negativos, seja sobre baixa performance ou relacionamentos desgastados com algum fornecedor.
Caso alguém precise de indicação de bons parceiros, é permitido pedir ao Grupo.
E como em qualquer grupo, é proibido o envio de mensagens relacionadas a política, religião e outros assuntos com manifestação de opinião sobre racismo entre outros. “Sempre encaramos a dedicação ao grupo como um trabalho voluntario à favor dos segurados e da importância que o nosso cargo tem no mercado. No início buscávamos os players para levar ao grupo apresentações e bons conteúdos. Hoje somos procuradas por eles. Temos uma meta de 150 participantes até o final do ano, bem como estruturar subgrupos como por exemplo uma versão “Latam” do mesmo”.
Elas até agora conseguiram dar um sentido positivo para grupos de WhatsApp, que tem mudado muitas áreas da vida. Nas empresas, é um canal alternativo para reduzir a sobrecarga de e-mail, mas para alguns passa a ser outra fonte de sobrecarga. Muitos grupo usam o rede para achatar hierarquias, fofocar e intimidar.
Na política, virou tempos atrás, uma plataforma para discutir políticas e estratégias, vazar histórias para a imprensa e planejar golpes.
No WIM, é a construção de relações sustentáveis e disseminação de conteúdos que agregam valor aos participantes. Desejo vida longa ao grupo com o apoio dos participantes do setor de seguros que tem cada vez mais investido no discurso de vender seguro de tudo para todos com o objetivo de apoiar o crescimento sustentável do Brasil.
Fonte: Sonho Seguro, com informações do Infomoney