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Resseguro: americanos pressionam Sergio Cabral

Internacional - 01/04/2011

Queixas das seguradoras americanas contra o que elas consideram fechamento do mercado de resseguros no Brasil roubaram a cena no seminário dedicado a discutir oportunidades de investimento no Rio de Janeiro, em Washington. Depois de ouvir a exposição do governador do Rio, Sérgio Cabral, e de empresários, um executivo da indústria de seguros americana aproveitou a sessão de perguntas para pedir apoio do governo carioca contra uma medida recente editada por órgão ligado ao Ministério da Fazenda.

Em 2007, uma lei quebrou o monopólio do resseguro no Brasil, que era exercido pelo Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). Há cerca de dois meses, porém, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) editou uma medida que proíbe as empresas de resseguro de dividir os riscos assumidos no Brasil com outras empresas no exterior.

Mais recentemente, a Susep reviu a norma, autorizando que 20% do risco seja dividido com outras empresas no exterior. Para os americanos, a regra torna viável apenas a operação do IRB, pois a prática de todo o resto da industria é dividir os riscos no exterior. "A reforma feita em 2007 atraiu significativo investimento estrangeiro", disse ao Valor o vice-presidente da Associação Americana de Seguros, David Snyder. "A medida recente terá o efeito de reduzir a oferta de resseguros e elevar o preços", acrescentou.

"Se é um problema de regulação, temos como ajudar a pressionar o governo", disse Cabral, durante o seminário. Segundo ele, o Rio tem se empenhado para se tornar um polo de investimentos da indústria de Seguros, com corte de impostos e organização de delegações comerciais para atrair mais negócios. "Posso procurar a presidente Dilma [Rousseff] e o ministro [da Fazenda, Guido] Mantega", afirmou o governador. "Infelizmente, o preço do seguro para as plataformas [de exploração de petróleo] vai subir", disse o empresário Eike Batista, do grupo EBX. "É mais um custo-Brasil."

Esta semana, o escritório de negociação comercial dos Estados Unidos, o USTR, citou o setor de Seguros e Resseguros como um dos que têm barreiras à presença de companhias estrangeiras. "Empresas americanas que querem entrar no mercado brasileiro de seguro e resseguro devem estabelecer a subsidiária, entrar numa parceria ou adquirir uma empresa local", afirma o relatório "Barreiras ao Comércio Exterior", encaminhado anteontem ao Congresso.

Fonte: Valor Econômico