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Falta de políticas públicas e consumo desenfreado agravam situação do clima

meio ambiente - 28/07/2011

Durante fórum realizado pela Allianz Seguros, nesta quarta-feira, o sociólogo e pesquisador do Núcleo de Estudos de População (NEPO/UNICAMP), Ricardo Ojima, apontou que a tendência é de declínio da população mundial e que o principal problema das mudanças ambientais está nos hábitos de consumo. “A questão não é salvar o planeta, mas sim as pessoas”. Foi com essa expressão que Ricardo Ojima, pesquisador do Núcleo de Estudos Populacionais da Unicamp abriu sua palestra na sexta edição do Fórum Internacional de Seguros para Jornalistas.

Segundo Ojima, é importante entender a migração populacional e o nosso modo de viver. “É uma utopia acreditar que chegaremos a uma sociedade sustentável. Mas, para vivermos num futuro mais sustentável, deverá haver mudanças no padrão de consumo das pessoas. Isso significa um processo de adaptação.”

Como prova de que o consumo não está relacionado à alta taxa populacional, o pesquisador cita que 60% do aumento das emissões entre 1950 e 1980 vieram de países que contribuíram com cerca de 12% do crescimento populacional. “Além disso, com algumas exceções, a taxa de natalidade no mundo vem caindo. Especificamente no Brasil a taxa de fecundidade está em 1,6 filho, quando a taxa de reposição é de 2,1 filhos por mulher em idade fértil. Em 2040, o Brasil deve atingir um pico populacional de 219 milhões de habitantes, passando a apresentar crescimento negativo.”

Pensar em sustentabilidade também requer, na avaliação de Ojima, compreender a localização demográfica da população. Se antes a migração se dava do campo para as cidades, agora ela acontece entre áreas urbanas e não apenas entre os grandes centros. “No entanto, estudos apontam que a emissão de gases de efeito estufa é maior entre as pessoas que estão mais distantes dos centros urbanos. Isso porque elas utilizam mais o carro para se locomoverem. Além disso, a dispersão requer investimentos em hospitais e escolas, para atender a população local; uma infraestrutura já existente nos centros urbanos”, diz.

Uma afirmação que Maria Luisa G. Castello Branco, coordenadora de Geografia da Diretoria de Geociências do IBGE, concorda e ainda acrescenta que isto é notório com o crescimento do número de condomínios fechados longe dos centros. “Aglomerações populacionais requerem baixos custos de serviços. Os centros das cidades, por exemplo, estão sub-ocupados e devemos repensar na sua ocupação, em localidades que já têm infraestrutura.”

A geógrafa diz que devido à ocupação urbana desordenada, além das alterações climáticas serem mais perceptíveis, é a população de baixa renda a mais vulnerável e suscetível aos fenômenos climáticos. “Porém, nas políticas de gestão pública devem ser trabalhadas também as vulnerabilidades por localização geográficas, como, por exemplo, tratar de forma diferenciada as cidades litorâneas, que são mais suscetíveis ao aumento do nível do mar.”

Para Paulo Marraccini, vice-presidente do Conselho de Administração da Allianz Seguros, a questão demográfica está diretamente relacionada a seguros. Ele cita que na França existem duas tábuas atuariais, uma para a população rural e outra para a urbana, uma vez que quem mora no campo tem mais qualidade de vida e, consequentemente, vive mais, o que impacta no seguro de vida. No Brasil, ainda é utilizada uma única tábua.

Por fim, Marraccini explica que o crescimento populacional em declínio e aumento da longevidade também trazem reflexos diretos para o setor de seguros. “A natalidade caindo e a população envelhecendo traz à tona um desafio mundial que é prover um sistema de previdência. Não haverá jovens suficientes para pagar a aposentadoria. Por isso é preciso incentivar a poupança. Outra saída é continuar a trabalhar, mesmo depois de se aposentar.”

Fonte: seguros.inf.br