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Distúrbios em Londres: prejuízos já ultrapassam os R$ 260 milhões

internacional - 10/08/2011

Se 2011 já vinha sendo um ano para a Polícia Metropolitana de Londres esquecer em função das recentes denúncias de corrupção e das críticas em relação ao desempenho nas batalhas nas ruas da capital, a Scotland Yard agora deverá também ter sua conta bancária atingida: a corporação é legalmente responsável pelo pagamento de indenizações em casos de danos provocados por distúrbios públicos.

Uma conta que, na avaliação inicial do mercado de Seguros, ultrapassa os 100 milhões de libras (cerca de R$ 265 milhões), entre pedidos de comerciantes que tiveram suas lojas saqueadas e proprietários de veículos depredados. A Scotland Yard, porém, promete lançar mão de um expediente polêmico: segundo o “Guardian”, a corporação usará um fundo de emergência para custear as indenizações e que contém verbas públicas.

Em tempos de austeridade, e de cortes nos gastos públicos — citados como fatores que acirraram os ânimos das camadas mais pobres da população britânica — não se deve esperar satisfação unânime da população em ver seus impostos usados para pagar o custo de depredações.

E os números até março mostram que o fundo da polícia ainda está abaixo das estimativas iniciais de prejuízos, com um total de 70,6 milhões de libras em caixa (cerca de R$ 186,7 milhões). As perdas, porém, vão além da destruição direta: comerciantes temem quedas bruscas nas vendas e alertam para a possibilidade de demissões.

A rede de supermercados Tesco, por exemplo, teve ao menos 150 lojas fechadas integralmente ou parcialmente em Londres, Liverpool e Bristol como forma de evitar saques, depois de ataques a pelo menos 26 filiais. — O pior de tudo são os danos que os distúrbios estão causando à reputação da cidade num momento em que precisamos de consumidores para alavancar a Economia. Estamos especificamente preocupados com os pequenos e médios comerciantes — alega Stephen Robertson, diretorgeral da Câmara de Comércio Britânica, numa alusão ao fato de que simples mercearias e empresas familiares também foram vítimas de ataques.

Apólices de Seguros costumam cobrir incêndios e saques, mas não devem compensar integralmente as perdas dos pequenos comerciantes e proprietários de imóveis. A Federação de Pequenos Comerciantes disse que os distúrbios representam o fechamento permanente dos estabelecimentos para parte de seus associados.

A Associação das Lojas de Conveniência informou que ao menos 93 lojas foram afetadas pela violência, direta ou indiretamente, porque as vans de entrega de jornais não conseguiram chegar até elas. Centro de distribuição de CDs da Sony é destruído Os ataques incluíram até mesmo o restaurante do chef celebridade Jamie Oliver em Birmingham. No Twitter, Oliver comentou o episódio: “Tão triste ver o que está acontecendo no Reino Unido com estes distúrbios! Tudo enlouqueceu. É hora de retomar nosso país. Agora nós precisamos dar uma dura nesses idiotas”. Já a gravadora Sony sequer pode começar a contabilizar os prejuízos causados pela destruição de um armazém em Enfield, uma das áreas do norte de Londres atingidas pelo vandalismo de domingo.

O prédio era o principal centro de distribuição de CDs e DVDs da empresa no Reino Unido e, embora tenha se recusado a fazer estimativas de perdas, a Sony admitiu que todo o estoque foi perdido, inclusive o material de selos independentes, que dependem muito mais de vendas que as grandes companhias.

A gama de estabelecimentos atingida, porém, é diversa: lojas de roupas e sapatos foram alguns dos alvos preferidos dos saqueadores, que também mostraram um grande apreço por aparelhos eletrônicos e telefonia celular. E não apenas para consumo pessoal: estimase que grande parte dos itens roubados será vendida no mercado negro ou na internet, o que ontem levou o site de leilões e compras eBay a prometer bloquear negociações de produtos suspeitos.

O terror nas ruas de Londres e outras cidades britânicas só está sendo bom negócio para as empresas de segurança particular, que vêm registrando um aumento substancial nos pedidos de pessoal por parte de comerciantes e empresas.

Fonte: o Globo