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Laboratório testa o seguro do futuro

tecnologias - 14/03/2011

A tecnologia móvel promete tornar toda a operação de seguro muito mais rápida e ágil do que é hoje. A burocracia obrigatória para contratação de coberturas de vida e saúde, por exemplo, poderá ser resolvida em grande parte na casa ou no escritório do cliente, com recursos como a caneta que digitaliza e guarda assinaturas e o uso do tablet para digitalizar documentos e tirar fotos.

Mas se o cliente quiser ou precisar ir até a agência, poderá encontrar recursos só vistos até agora em filme de ficção. Uma agência experimental pode ser vista no Laboratório de Tecnologia da consultoria Accenture, no polo tecnológico de Sophia Antipolis, nos arredores da cidade de Nice, Riviera francesa. Voltado para aplicações na área de serviços financeiros, o laboratório testa inovações que possam servir ao setor. Um recurso ainda em testes é o Microsoft Surface, uma mesa com uma tela super sensível que permite manipular papéis, documentos e gráficos virtuais, gerando e simulando empréstimos, investimentos e planos de vida e previdência de forma interativa.

Nosso trabalho é olhar para o futuro, entender o que virá e levar para nossos clientes, disse Thomas D. Meyer, o diretor da Accenture para a divisão de seguros na Europa, África e América Latina.

Parece puro futurismo, mas não é. Um estudo conduzido em 2010 pela Accenture junto a 70 seguradoras entre as de melhor performance em suas áreas de atividade nos cinco continentes mostrou que a tecnologia é um dos fatores que determinaram o desempenho daquelas empresas. Os resultados foram divulgados quinta-feira em Nice. O estudo apontou que os consumidores, tanto nos mercados tradicionais quanto nos emergentes, estão assumindo nova postura em relação ao seguro. De acordo com a pesquisa, 52% dos consumidores não acreditam que as seguradoras fornecem informação e orientação neutras, o que demonstra uma confiança abalada, a ser reconquistada. Mas a confiança é maior em países onde a venda de seguros é feita por meio de agentes do que onde as empresas fazem a venda por canais alternativos.

Grande parte dos consumidores das empresas estudadas (43%) planeja comprar seguros online, o que demonstra a internet despontando como um dos principais vetores que conduzirão o mercado segurador nos próximos anos. Há um crescente engajamento dos consumidores com a tecnologia da informação e eles exigem cada vez mais rapidez, facilidade de acesso e colaboração de seus agentes e provedores de seguros, explicou Meyer. Quem não encontrar uma forma de satisfazer o desejo do cliente vai ficar para trás porque outra tendência demonstrada pela pesquisa da Accenture é o forte crescimento da concorrência.

A internet permite que as pessoas comparem produtos e preços e há todo um grupo de empresas crescendo com vendas via web, se tornando uma nova força significativa, afirmou o diretor da Accenture. Dois exemplos emblemáticos de expansão, até agora desconhecidos na concorrência pelos clientes de seguros, estão aparecendo na Índia e na China.

Na Índia, uma empresa chamada Alliance, que fabrica rodas para automóveis, passou a vender seguros para milhões de clientes entre um público de mais baixa renda, associada com outros comerciantes especializados neste público. A gigante Chinese Financial Services, até então restrita às fronteiras de seu país, já começou a fazer aquisições de companhias seguradoras na Europa e na África. Estas empresas se movem pela tecnologia.

A combinação de tecnologia com mais competição e a disputa por clientes que ainda têm que ser convencidos a comprar seguros promete fazer mais dura a vida das seguradoras, alerta Meyer. Margens menores, prêmios sob pressão, aumento da demanda por indenizações e do número de fraudes. Será muito difícil para as empresas serem lucrativas [nesse contexto]. Segundo ele, os retornos sobre patrimônio (ROE) que hoje giram em torno de 15% a 20% devem cair nos próximos anos para algo em torno de 5% a 10%.

Como aproveitar as vantagens e driblar os desafios desse novo cenário? Meyer diz que as empresas precisam criar flexibilidade e agilidade. É importante inovar e reagir rápido. As empresas de seguros precisam ser menos complicadas por dentro e estar presentes quando as demandas aparecerem.

Fonte: Valor Econômico - Janes Rocha