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Japão: mercado brasileiro minimiza impactos

Internacional - 17/03/2011

Relatórios de corretoras e bancos brasileiros divulgados ontem mostram que os maiores impactos sentidos até agora com a crise japonesa na economia global estão nas quedas nos mercados de capitais e nas cotações das commodities no geral. Eles ressaltam a importância relativa do Japão para o comércio externo brasileiro, tendo caído nos últimos anos.
Até o começo dos anos 1990, o mercado japonês representava mais de 8% das exportações brasileiras. Hoje, esse percentual é de apenas 3,6%. Isso deixa os investidores locais menos expostos, mas não totalmente imunes. A expansão global ainda tem uma aposta geral em torno de 4% em 2011. Mas já se espera grande oscilação.

Segundo o Itaú, o terremoto que atingiu o Japão, seguido de tsunami, pode afetar a atividade econômica global por diversos canais. Reunidos, eles podem ampliar a incerteza para o desempenho deste ano. A economia japonesa, que responde por 6% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas) global, já estaria comprometida até o segundo trimestre, com destruição de capitais físicos e a interrupção da produção de energia nuclear. Esse impacto pode se intensificar pela dimensão do acidente nuclear.

Outro estrago potencial apontado pelo banco brasileiro está no risco radioativo, que pode gerar onda de aversão ao risco ao restante da economia global. A médio e a longo prazos, o processo de reconstrução deve, contudo, elevar o crescimento da economia japonesa, contribuindo para a expansão mais elevada da economia global. "A diminuição da incerteza contribui para essa retomada", anota o diagnóstico do Itaú.

Quanto às commodities, o texto lembra que o conjunto delas já caiu 4% desde o trágico 11 de março, liderado por grãos (-7,5%), energia (-3,8%) e metais industriais (-2%). Até o ouro foi afetado, recuando 2%.

Para Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora, a dinâmica da crise japonesa com impactos potenciais sobre o Produto Interno Bruto (PIB) mundial e os preços das commodities deverá ajudar o Banco Central (BC) do Brasil a combater a inflação. A expectativa é de uma desaceleração "mais consistente nos próximos trimestres" da atividade econômica.

O economista-chefe do Banco Mundial (Bird), Justin Lin, afirmou que o desastre natural e a crise nuclear não devem exercer impacto prolongado na economia do Japão. Ele acredita que a reconstrução pode até aumentar dentro de seis meses a taxa de crescimento japonês, com retração até o último trimestre de 2011. "Certamente é um choque grande para a economia japonesa", afirmou Lin. "Eles terão alguma perda no PIB, mas, de acordo com nossas estimativas, ela não será tão grande. E também, com a reconstrução, eles podem aumentar a taxa de crescimento do país após seis meses", acrescentou.

Especialistas dizem que a terceira maior economia do mundo levará ao menos cinco anos para reconstruir as regiões destruídas. Com temores de que o desastre japonês leve a uma desaceleração da economia global, investidores tiraram capitais do Japão e dos ativos considerados de risco. "Com relação à economia global, acredito que esse seja um choque único e no geral não terá impacto no longo prazo", acrescentou o economista.

Para contribuir com o apoio às vítimas do terremoto do Japão, o Santander isentou a tarifa de ordens de pagamento de câmbio remetidas ao país, realizadas pelos clientes correntistas pessoas físicas, pelos próximos seis meses, a partir de hoje.

Fonte: Correio Braziliense