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Conseguro: saída para reduzir custos na assistência na saúde

saúde - 01/10/2021

As lições aprendidas na pandemia e as principais tendências da assistência à saúde para os próximos anos foram a tônica do painel “Saúde: o Futuro na Pós-Pandemia”, realizado nesta quinta-feira, durante a Conseguro 2021, maior evento do setor segurador no país.

O encontro reuniu o médico sanitarista Gonzalo Vecina, professor da FSP e FGV e ex-presidente da Anvisa, e o professor Guilherme Hummel, head mentor da eHealth Mentor Institute.

Gonzalo Vecina destacou a necessidade de ampliar investimentos em epidemiologia e na promoção da saúde, para evitar os impactos de novas pandemias, enquanto Guilherme Hummel defendeu mais incentivo ao autocuidado, para diminuir o já crônico déficit na oferta de serviços de assistência.

O evento contou com moderação de João Alceu Amoroso Lima, presidente da FenaSaúde e vice-presidente Ambiental, Social e Governança do Grupo NotreDame Intermédica.

Alerta epidemiológico e ciência genômica

Para Vecina, o Brasil precisa criar um serviço de alerta epidemiológico para prever a ocorrência de novos desastres sanitários, e um órgão com a responsabilidade de acompanhar dados de saúde populacional e capacidade para fazer segurança genômica.

Deve, ainda, incentivar a formação de novos epidemiologistas especializados em ciências genômicas nas universidades. “A Epidemiologia deve ser vista como ciência fundamental para dar suporte aos planos de saúde e atender às demandas da assistência. É preciso recuperar a capacidade de pensar a saúde populacional, cruzando grandes bancos de dados. Essas informações são fundamentais para o futuro da saúde no Brasil, tanto privada, quanto a estatal”, destacou.

Na avaliação do ex-presidente da Anvisa, se as empresas privadas não incorporarem a promoção de saúde, não será possível gerar impacto positivo na assistência. “Está na hora de repensar o check up, que sempre foi uma fonte importante, mas cara”. Entre as lições da pandemia, ele destaca a escalabilidade.

“Rede D´Or e planos de saúde mostraram a importância de escalar. O grande problema é que a escala vicia. Então, qual é o limite para se evitar uma escalabilidade tóxica? ”, ressaltou.

Autocuidado para reduzir as desigualdades Guilherme Hummel destacou o desequilíbrio entre oferta e procura de serviços de saúde.

Ele citou um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), feito em 2017, que apontava um “caos enorme na atenção básica”, com 7,7 bilhões de habitantes com 1.3 ou 1.4 patologia por habitante. A situação deve perdurar até o final do século, mas tende a se estabilizar a partir de 2050 ou 2060, quando, então, o gap assistencial deve começar a ser reduzido.

Para o especialista, uma das ferramentas para reduzir as desigualdades no acesso é o autocuidado. “Este será o século do autocuidado, não tem outra saída para reduzir o acesso aos sistemas de saúde”, destacou. Segundo ele, setores público e privado devem trabalhar para que que, em 50 anos, a população alcance uma ‘formação sanitária” para se proteger antes de buscar os sistemas de saúde. “A pandemia trouxe uma perspectiva animadora para fomentar o autocuidado. Tivemos excelentes exemplos de como estamos mais preparados, sem precisar depender da cadeia de saúde”, disse.

Ainda segundo Hummel, a mudança de hábitos (distanciamento social, máscara e álcool em gel) fez surgir uma nova engenharia de autocuidado e tanto o estado quanto a cadeia de saúde precisam aproveitar melhor isso. “Nenhuma operadora ou cooperativa vai reduzir esse gap se não for com um novo pacto com o usuário, através do autocuidado”.

A vez do open health Hummel salientou ainda que, após o open bank, é a vez do open insurance – que abrangerá todo o setor de seguros – e, em dois ou três anos, o open health deve se consolidar. “Isso vai reduzir o custeio, melhorar a integração e diminuir a fragmentação, além de trazer outras vantagens aos usuários dos sistemas de saúde, assim como já existe nos Estados Unidos e na Inglaterra, com enorme sucesso”, aposta.

Para Guilherme, a criação do prontuário único deve melhorar o atendimento e ajudar o Brasil a encarar o gap demográfico de profissionais de saúde e também do financiamento das conquistas da longevidade e bem-estar conquistadas nas últimas décadas. “O autocuidado será amplificado com o open health nesse século”, destacou.

FenaSaúde: prontuário eletrônico é utopia

João Alceu Amoroso Lima disse que a FenaSaúde considera bem-vindo o open health. “Se é para melhorar o acesso e o mercado, somos a favor”, destacou.

No entanto, lembrou que a privacidade de dados e outros aspectos ainda deverão ser desenvolvidos. “O sonho de consumo era que tivesse prontuário eletrônico, mas isso ainda é utopia. As empresas estão começando a enquadrar suas bases”, disse.

Sobre a revisão do marco regulatório, em discussão no Congresso Nacional (Lei 9.656), disse que engessa a ampliação do acesso e que a replica uhren FenaSaúde tem contribuído para o debate com objetivo de aumentar a penetração das operadoras. “Cada um que migra para o privado, desonera o setor público”, pontuou.

Fonte: CNseg