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Saúde: “Síndrome de Burnout” atinge cada vez mais as mulheres

Saúde - 09/08/2022

Em artigo, a psicóloga e terapeuta Dayane Oliveira alerta que a “Síndrome de Burnout” vem se apresentando com frequência especialmente na vida das mulheres. “Isso porque a demanda de vida da mulher está atrelada fortemente aos impactos negativos em saúde, trabalho e relacionamentos”, afirma a profissional.

Veja o texto, na íntegra:

“Depois disso eu vou cuidar de mim” Você já se sentiu exausta ou sobrecarregada com tudo que precisa dar conta e ainda assim acredita que não é o suficiente?

Com toda certeza é um pensamento recorrente mesmo que não seja verbalizado. Certamente você já tentou se priorizar por diversas vezes, porém isso não foi tão à frente quanto desejava. Até porque tudo em volta parecia caótico demais para não priorizar tais circunstâncias naquele momento e aquela a ideia de “depois que eu resolver isso aqui vou cuidar de mim” se torna recorrente.

O problema é que tudo está sempre a ponto de bala, tudo está em estado emergencial e as demandas caem todas para as mulheres mais dispostas ou disponíveis - não de tempo - mas de abrir mão de si mesma para atender demandas alheias.

Por isso, não é à toa que um dos traços da síndrome de Burnout - que é o esgotamento profissional que afeta diretamente o físico e o emocional - se apresente com frequência especialmente na vida das mulheres. Isso porque a demanda de vida da mulher está atrelada fortemente aos impactos negativos em saúde, trabalho e relacionamentos.

O primeiro impacto de Burnout é a exaustão emocional onde ocorre a fadiga em excesso decorrente da dedicação exacerbada; o segundo é a despersonalização onde há o esgotamento da empatia e da dedicação; por último, o senso de realização reduzido onde nada tem a proporção devida do quanto foi dedicado para a execução.

A exaustão ocorre quando se fica preso a uma emoção e isto pode ocorrer por estar constantemente exposto ao fator estressor que ativa tais emoções. Não é difícil perceber que mulheres que exercem “profissões que ajudam" sejam tão exaustivas, tampouco perceber que as multitarefas que exerce sejam demandantes demais. Lidar com as necessidades de terceiros é exaustivo, então como não absorver tal carga?

Para compreender como não absorver, é necessário compreender o porquê de ficar presa àquela situação. O primeiro é o fator de estresse crônico onde é a reação a tal estresse que, na maioria das vezes, solicita uma fuga de tal situação, mas não é possível, pois a circunstância está ali no dia seguinte.

A ideia de fugir é só um mecanismo passageiro em curto prazo. Já o segundo é a adequação social onde o desejo de sair da situação é sobreposto por normativas sociais ou impossibilidades sociais onde há a necessidade da diplomacia para resolver conflitos e circunstâncias.

Por último, a noção de segurança onde se pondera sobre quais ações geram maior risco ou segurança, ocasionando uma estratégia de sobrevivência.

Dito tais coisas, é importante salientar que o físico e mental trabalham de forma conjunta para garantir o bem estar, o que não quer dizer que tal noção seja o que de fato proporcione uma vida saudável. Por isso, colocar uma lista de práticas saudáveis para dar conta de tantas demandas, pode ser mais do mesmo.

Descobrir o que funciona para você é o primeiro passo para conseguir identificar e repensar o contexto que está inserida. Certamente você já tem alguma ideia do que está fora da sua zona de possibilidades ou de desejo de permanência em sua vida. Também é possível refletir sobre alguns conceitos que são rapidamente descartados mesmo sendo necessários, como “repouso” - que não significa somente ir se deitar, embora, o sono seja primordial.

Repousar também é sobre deixar uma atividade em busca de outra, especialmente quando esta outra não gera estresse físico ou mental. Permitir que o corpo descanse é dar um “alimento” para que o mesmo continue produzindo saudavelmente e não esgotando as energias de reserva. Você já parou para pensar em como o seu tempo é organizado?

Quanto tempo você direciona ao trabalho e deslocamento, as tarefas domésticas, a alimentação, lazer, atividade física, autocuidado, cuidado com outros e sono? Como você organiza a sua vida para além do “depois disso vou cuidar de mim”?

O bem estar não é um estado de ser, mas uma constante ação dinâmica que requer disciplina e ponderação para saber os limites próprios, afinal, nenhuma máquina continua em pleno funcionamento sem a devida manutenção.

Fonte: Sou Segura