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Resseguro tem preços em alta e capacidades limitadas

resseguro - 07/11/2022

O cenário atual ainda é de um mercado “hard”, ou seja, com taxas e condições mais duras e capacidades limitadas. A afirmação é do vice-presidente de Resseguros e Specialty da Alper Seguros, Eduardo Toledo, que esteve reunido com vários resseguradores, em recente viagem a Londres. “O que pude entender e avaliar é que, para os próximos meses, ainda teremos uma grande dificuldade para conseguir capacidades em quaisquer linhas de negócios, algumas mais amenas outras mais restritas, mas em todas as linhas teremos aumento de taxas”, alerta o executivo, em entrevista exclusiva para o CQCS.

Toledo acrescenta que, no resseguro de aviação, por exemplo, os mercados estimam perdas que podem chegar a 15 bilhões de dólares nos próximos meses, por consequência do conflito entre Rússia e Ucrânia, onde há confisco e até roubo de aeronaves de companhias aéreas em território russo.

Também há uma expectativa de perdas entre 53 bilhões e 74 bilhões de dólares pelos prejuízos causados pela passagem do furacão Ian na Flórida (EUA), de acordo com a RMS, empresa de modelagem de risco. “Além das perdas, há também uma estimativa de 10 bilhões de dólares em indenizações por inundações causadas pela tempestade”, revela o executivo da Alper.

Segundo ele, o processo de conversão de um mercado soft (suave) para hard (duro) “demorou muito”, pois não havia a correta dimensão dos prejuízos causados pela pandemia da COVID-19, o que somente ocorreu no meio do primeiro semestre deste ano. “Na sequência, começam as estimativas das perdas decorrentes do conflito entre Rússia e Ucrânia, ou seja, não tivemos como fugir desta conta”, frisa Toledo.

Ele adverte ainda que, como essa tendência de agravo de taxas e restrição de capacidades é global, o Brasil já está sendo afetado. “Já estamos tendo dificuldades nas renovações, o que requer maior dedicação e inteligência nas negociações, para que nossos clientes não sofram tanto este impacto”, explica.

Nesse cenário, já ocorre, no Brasil, a readequação nos termos e condições de algumas linhas de negócios. Há, inclusive, seguradoras encerrando suas operações em alguns segmentos. “Não acredito que seja algo generalizado. O Brasil é um país sem histórico de grandes catástrofes, e isso ajuda a equalizarmos melhor as negociações”, atenua o executivo da Alper.

Fonte: CQCS