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Seguradores internacionais temem efeitos da regulação

internacional - 27/05/2011

Os seguradores internacionais estão preocupados com a aplicação de metodologias de regulação bancária na indústria de seguros. Foi o que apurou pesquisa realizada pela Associação de Genebra junto aos presidentes de 80 das principais seguradoras do mundo, que integram a entidade. Segundo a pesquisa, quando perguntados sobre “quão prejudicial seria para a indústria de seguros a aplicação de metodologia bancária sem a atenção apropriada às especificidades do setor”, todos classificaram como prejudicial ou muito prejudicial e aproximadamente 87% dos entrevistados disseram esperar o grau mais alto de danos à indústria.

Além disso, mais de 95% declararam-se preocupados ou muito preocupados com a falta de transparência dos processos reguladores. Para os seguradores, provavelmente as atuais propostas reguladoras aumentarão os custos para o negócio e para os segurados.

A pesquisa também perguntou aos presidentes os efeitos esperados das novas regras sobre o negócio de seguros. De forma decisiva para os consumidores, 73% dos pesquisados acreditam que a definição dos preços das apólices de seguro seria afetada pela imposição de custos de capital adicionais e/ou exigências de submissão de relatórios; 75% acreditam que prejudicariam o gerenciamento de bens de seguros, por afetarem as exigências de capital, distorcendo os horizontes de investimento e afetando o total dos retornos de investimento; enquanto 75% viram problemas de subscrição relacionados à redução da habilidade dos negócios de assumir riscos de seguro e até da habilidade da indústria de subscrever certos riscos.

O presidente da Associação de Genebra, Nikolaus von Bomhard, alerta que as principais atividades de seguros não constituem uma fonte de risco sistêmico para o sistema financeiro e econômico e nenhuma delas jamais desencadeou uma crise financeira sistêmica. “Na verdade, o setor de seguros atua como um estabilizador das economias mundiais com seu investimento de longo prazo e horizontes de risco”, acentua o executivo, que também preside o Conselho Administrativo da resseguradora Munich Re.

Opinião idêntica tem o diretor-gerente da associação, Patrick Liedtke, segundo o qual, o curso atual dos esforços regulatórios internacionais no sentido de conter o risco sistêmico ainda não levou em consideração as especificidades da indústria de seguros. “Haverá consequências, não apenas para nossos negócios, mas também para os segurados e para a economia em geral”, adverte.

A presença de especialistas em seguros entre os reguladores foi mencionada pela maioria (92%) dos presidentes pesquisados como uma preocupação com o nível de entendimento das diferenças fundamentais entre os modelos de negócio de bancos e os modelos de negócio de seguros.

Finalmente, os entrevistados apresentaram suas visões sobre as perspectivas para a economia mundial e para o setor de seguros. A grande maioria vê a economia mundial como tendo potencial para crescimento moderado; para alguns, o crescimento poderia ser fraco no ocidente e forte em outras regiões, especialmente nos países desenvolvidos. Há preocupação de aumento da inflação, desde um nível moderado até bem forte. A maioria dos pesquisados acha que as taxas de juros subirão no futuro, mesmo que venha a acontecer uma fase estática inicial.

A Associação de Genebra está realizando no Rio de Janeiro a sua Assembleia Geral. É a primeira vez que o encontro é promovido no Hemisfério Sul. Criada em 1973, a associação, oficialmente “Associação Internacional para o Estudo da Economia de Seguros”, é uma organização não-governamental financiada por seus membros.

Fonte: Jornal do Commercio